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RESULTADOS ELEITORAIS

Os resultados das Eleições Autárquicas mostraram que o Bloco de Esquerda se reforçou a nível nacional com a eleição de mais representantes autárquicos. No concelho de Matosinhos triplicou a sua representação autárquica elegendo representantes em todas as Uniões de Freguesia e passando a ter dois deputados municipais, apesar de não ter sido conseguida a eleição de um vereador.

A responsabilidade que os eleitores resolveram dar ao Bloco terá resposta persistente em termos de trabalho e em dedicação por parte dos eleitos. 

A exemplo do que tem sido o seu papel, o Bloco de Esquerda irá continuar a política desde sempre seguida pelos eleitos do partido, um trabalho apurado de fiscalização dos executivos, mas também de propostas construtivas em prol das populações.

O Programa Autárquico do Bloco de Esquerda para Matosinhos será a linha condutora para a política a seguir. Durante a campanha eleitoral os candidatos declararam estar dispostos a aceitar as responsabilidades que os eleitores lhes atribuíssem e é nesse sentido que vão orientar a sua actividade futura.

A campanha eleitoral no nosso concelho foi muito marcada por diatribes particulares sobre o passado recente da autarquia, mais do que por propostas para o seu futuro. Foi assim permitido que muitas vezes sobressaísse o mero ruido e a demagogia ao invés da discussão construtiva, não houve a possibilidade de aprofundar o debate do que mais deveria interessar aos cidadãos.

Para o Bloco de Esquerda o exercício da democracia local deve basear-se na existência de órgãos eleitos que deverão ter um funcionamento colectivo e democrático e não na imposição de vontades individuais presidencialistas, mais ou menos egocêntricas.                                             

Apesar do atropelo das leituras feitas das memórias vividas e das exacerbadas manifestações de egocentrismo de quem, por vaidade e aproveitando-se até de dependências passadas, pretendia o poder, a democracia acabou por se impor.

A vitória da candidatura do Partido Socialista, sem maioria absoluta, vai proporcionar negociações com as outras forças políticas o que pode contribuir para o enriquecimento do debate e da actividade política no concelho.

A análise que fazemos destas eleições não é ferida por laivos de arrogância, como a de alguns candidatos que os leva a acusar a população de não saber votar.

Ou acreditamos na democracia, ou não.

Aceitamos democraticamente os resultados, mas não podemos deixar de lamentar que o edifício político-jurídico do nosso país admita a possibilidade de cidadãos condenados por crimes económicos poderem candidatar-se. Estas controversas personalidades não deveriam merecer a confiança dos cidadãos, mesmo que condenados com penas suspensas. É preciso que na politica se actue sempre com ética.

Não podemos, igualmente esquecer que há incongruências graves e lacunas nos discursos de candidatos que esqueceram o seu passado recente.

Por exemplo, a dirigente do CDS, Assunção Cristas, que não hesitou, nem tem dúvidas em reivindicar habitação para jovens no centro de Lisboa, quando foi da sua responsabilidade a Lei das Rendas, a que os cidadãos chamaram lei dos despejos, que permitiu o que está a acontecer em Lisboa e no Porto, com a expulsão das pessoas das casas onde sempre habitaram para que os senhorios pudessem especular com as mesmas, nomeadamente para a instalação de alojamentos locais.

Já Pedro Passos Coelho, apesar da pesada derrota e do desafio lançado por muitos dos seus companheiros de partido ainda não tirou as ilações completas, permanecendo teimosamente na liderança do PSD, que foi o verdadeiro perdedor das autárquicas 2017.

Confiamos que, em Democracia, todas as dificuldades poderão ser ultrapassadas, assim o exijam os cidadãos e o procurem os agentes políticos.

4.10.2017