Começou esta noite de 8 de dezembro, com um piquete a partir das 23h30 na Recolha de Francos, e continua durante o dia de hoje, até às 02h00, a greve dos trabalhadores da STCP contra a concessão a privados desta empresa pública.
Marcada pelo término do prazo da entrega de propostas por operadores privados para a gestão e operação desta empresa pública de transportes, os trabalhadores mobilizam-se para mais uma jornada de luta e reivindicação do cancelamento da ação deste governo. Jorge Costa, do Sindicato Nacional dos Motoristas, referiu que as Organizações Representativas dos Trabalhadores (ORT) desconhecem o processo de subconcessão da empresa. “Até ao último dia do concurso não conhecemos nada deste processo. Não conhecemos o caderno de encargos, desconhecemos se há concorrentes e o que quer a tutela e a administração da STCP”, frisou.
Para quem anda de autocarro no Porto esta degradação do serviço é já familiar e recorrente, visível na redução do número de autocarros, nos horários inconstantes e sobrepostos a que os motoristas têm de dar cobertura e com os quais todos os utentes e trabalhadores se vêm afetados, assim como na reestruturação da rede que suprimiu 12 linhas, mas aumentou o preço dos bilhetes. Com menor visibilidade encontram-se outros factores, como os despedimentos e reduções de salários, assim como a falta de motoristas suficientes para fazer circular os autocarros e os horários previstos na rede. “Todas elas opções de uma administração decidida a degradar o serviço para facilitar a sua passagem para a tutela privada, e sem qualquer intervenção dos trabalhadores ou utentes afetados por estas decisões. É, assim, contra essa administração e essa decisão política que esta greve se faz e que serve, por isso, não apenas a luta dos trabalhadores da STCP, mas também os direitos dos utentes e a defesa da mobilidade das pessoas” escreve José Soeiro, dirigente distrital do Porto.
Também a Comissão de Trabalhadores (CT) afirma, em comunicado, que a tutela conhece "há largos meses o incumprimento de serviços - o que equivale a 17 dias de greve integrais promovidos pelo conselho de administração com a cobertura do Governo".
A esta greve contra a degradação do serviço prestado às populações e por isso contra a privatização em curso associou-se o Bloco de Esquerda que marcou presença no piquete de greve na Recolha de Francos a partir das 23h30 e com a presença do deputado eleito pelo círculo do Porto João Semedo.
Lançou-se, igualmente, uma petição pública (Pela melhoria do transporte público, contra a privatização da STCP) de apoio a estes trabalhadores e aos utentes que se têm visto afetados por esta degradação deliberada de uma empresa que chegou a ser das melhores empresas públicas rodoviárias em toda a União Europeia.
Esta jornada tem contado, até ao momento, com a adesão total dos motoristas, verificando-se a não circulação de autocarros da STCP no distrito do Porto.