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Cancelamento da Feira do Livro do Porto: mais uma acção inaceitável de empobrecimento da cidade.

Está confirmado. Pelo comunicado da Câmara Municipal do Porto datado de ontem, dia 18 de Abril, a cidade é informada que não terá a sua Feira do Livro este ano. Parece notícia de um qualquer jornal satírico, mas não. É apenas uma manifestação concreta do desprezo da coligação PSD/CDS-PP pela promoção da cultura, da leitura e da literacia, pelo direito de fazer e fruir arte e cultura, pela dinamização do lazer, do turismo e da economia no centro da cidade.

A Feira do Livro é um certame que se realiza na cidade do Porto desde 1930. Ininterruptamente. Quando entrou em disputa partidária com a ministra Isabel Pires de Lima, a propósito das obras do túnel de Ceuta junto ao Museu Nacional Soares dos Reis, a Câmara dirigida por Rui Rio até se serviu da Feira do Livro.

Mas agora, num canhestro comunicado, a coligação PSD/CDS-PP no governo da cidade, consegue dizer que reconhece o “indiscutível interesse público” da iniciativa e simultaneamente afirmar que “não podem ser os contribuintes a suportar” a realização da Feira do Livro, escudando-se repetidamente na natureza privada dos seus promotores, colocando o seu interesse comercial acima do interesse público do certame.

Estranho este discurso anti actividade comercial privada, que se não vê em tantos outros domínios da acção desta autarquia, na maioria, esses sim, com duvidoso interesse público. Se é verdade que não devem os dinheiros públicos ser aplicados ao financiamento de empresas privadas, devem pelo contrário ser aplicados no financiamento de iniciativas e programas de interesse público mesmo se promovidos por entidades de interesse privado. É precisamente essa a missão dos poderes públicos centrais e locais: gerir bem as receitas do Estado, aplicando-as na promoção do estado social e no aprofundamento da democracia. E a cultura é um dos componentes do estado social, da democracia e da liberdade.

Além da já conhecida aversão pela cultura, é espantosa esta declaração de “alergia” à iniciativa privada pela Câmara dirigida pela coligação PSD/CDS-PP.

E diz a Câmara Municipal do Porto que “compreende e lamenta” o cancelamento da Feira do Livro 2013. O Bloco de Esquerda e os cidadãos do Porto não compreendem e não aceitam mais esta acção de empobrecimento e menorização da nossa cidade.

 

19 de Abril de 2013

O Grupo Municipal do Porto do Bloco de Esquerda