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BULLYNG EUROPEU

Uma das causas primeiras da ascensão da extrema-direita, por toda a Europa, pode-se explicar nos erros cometidos pelas políticas austeritárias da Comissão Europeia, impostas pelos neoliberais hegemónicos.

Para além da exploração dos sentimentos latentes de xenofobia, acicatados pela vinda para a Europa de centenas de milhar de refugiados, fugidos da guerra e da miséria do Norte de Africa e do Médio Oriente, a que os dirigentes europeus não são alheios, a par do empobrecimento das classes trabalhadoras por toda a Europa, têm sido pasto de políticos da extrema-direita e dos populistas. Neste caso estão países como a França, mas também a Polónia, a Hungria, a Dinamarca, a Finlândia, entre outros.

Chegou agora a hora da Alemanha onde a CDU de Angela Merkel, no próprio estado por onde foi eleita, ter sido ultrapassada pela extrema-direita, FDP (Alternativa para a Alemanha), aproveitando-se da contestação ao acolhimento de refugiados.

Esta é uma situação de uma gravidade extrema e de grande perigosidade para a democracia, que não tem merecido a atenção preferencial dos dirigentes europeus, que continuam a assobiar para o ar, apenas se preocupando em não desagradar às entidades financeiras que se ocultam no anonimato dos mercados.

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Depois da autêntica telenovela em torno das sanções contra Portugal por incumprimento do défice de 2015, a Comissão Europeia voltou à carga, com a chantagem sobre o Orçamento Geral do Estado para 2017, ameaçando com o congelamento dos fundos estruturais a atribuir ao estado português. O processo deveria ter ficado encerrado com o cancelamento das multas pela Comissão Europeia. Esta chantagem permanente é inadmissível, é bullyng sombrio, revanchismo sobre um povo e o seu governo.

Parece que a maior preocupação dos eurocratas tem a ver com a escolha do povo português em criar uma fórmula de governo menos experimentada, e que esta não seja replicada noutros países, estando dispostos a tudo fazer para a dificultar. Estranho é que o tratamento dado a Portugal difere substancialmente do que é usado com outros países.

O entusiasmo da direita, comentadores incluídos, com a perspectiva de que cortes nos fundos europeus possa impedir a concretização do programa do actual governo, diz bem do que esses senhores pensam dos interesses do povo português, em contraponto com as suas mesquinhas ambições pessoais e de grupo. Será que pensam que se isso acontecer não vai reflectir-se sobre os seus bolsos?

Esquecem até, que a concretização dessas possíveis sanções será motivada pela completa incapacidade do governo PSD/CDS em cumprir sequer os limites a que se comprometeu, apesar da sua submissão às ordens da Comissão Europeia, que, aliás, sempre mostrou o seu agrado pelas manifestações de servilismo e de bom aluno, durante quatro penosos anos.

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As exportações baixaram efectivamente dos últimos meses, em grande parte pela quebra das vendas para fora da Europa, como Angola, Estados Unidos e China, embora a balança de transacções tenha sido equilibrada por uma quebra de valor superior nas importações.

Não reconhecer estas contingências internacionais, sobre as quais não temos qualquer influência ou é falta de senso ou pura má-fé, mas é a que assistimos por parte dos comentadores informados.

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Finalmente os países do sul da Europa resolveram reunir-se para debater as questões que têm em comum e procurar desenvolver alguma cooperação. Não é nada de extraordinário já que os países do norte da Europa se reúnem recorrentemente.

A atitude do ministro alemão Schäuble, como aliás é seu costume, foi de cinismo e de falta de respeito pelas decisões democráticas dos povos. É caso para perguntar o que sai de bom quando os dirigentes da direita se juntam, para além de destruição de emprego e de empobrecimento dos povos do sul.

Este homem tem um grave problema com tudo o que não sair da sua brilhante cabeça. A sua arrogância sectária é inadmissível. Para ele os países do sul deviam reduzir-se a fornecer mão-de-obra barata e a receber umas migalhas em troca da obediência cega.

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As eleições autárquicas, previstas para o Outono de 2017, já estão a provocar fricções entre partidos e principalmente entre personalidades dentro dos partidos, não porque haja divergências políticas claramente mensuráveis, mas pela necessidade de protagonismos pessoais de alguns putativos candidatos. Pode dizer -se que estamos no vale tudo por um lugar ao sol.

Com uma visão bem diferente de como tratar aa eleições autárquicas, os elementos bloquistas de Matosinhos estão a fazer o trabalho de casa em torno das questões mais prementes do concelho, ouvindo e debatendo com responsáveis da sociedade local, sem antecipar a discussão de nomes e listas de candidatos, antes de ter um programa consistente e susceptível de mobilizar os matosinhenses na resolução dos seus problemas.

14.09.2016