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AUTÁRQUICAS 2017

A aproximação das eleições autárquicas, que vão ter lugar entre fins de Setembro e princípios de Outubro, tem mostrado muita intranquilidade em algumas das forças políticas do nosso concelho.

Sem querer entrar numa guerra de alecrim e manjerona devo, no entanto, lembrar que seria mais útil para todos, guardar as energias para a apresentação e debate das propostas políticas mais interessantes para Matosinhos e evitar os episódios de querelas de caracter mais pessoal do que político, de guerrinhas de capelas, que consomem energias e criatividade dos intervenientes, que só servem para afastar ainda mais as pessoas da política e assim aumentar a taxa de abstenção, como sabemos, já bastante elevada.

Entendam-se senhores! Arrastarem quezílias anos e anos entre pessoas da mesma área política, sem conseguirem estabelecer consensos mínimos, como o esperam fazer com os adversários?

O Concelho de Matosinhos tem a sua infra-estruturação, mapa viário, fornecimento de água, energia, saneamento básico e recolha de resíduos, a um nível bastante satisfatório, embora pontualmente possa e deva ser melhorada. Temos problemas sociais graves ainda por resolver e os apoios à infância e juventude, bem como à terceira idade, estão ainda longe de ser os ideais. É preciso que Matosinhos seja uma cidade amiga das crianças e das pessoas idosas. Temos uma taxa de desemprego elevada e a prática da utilização de trabalho sem direitos, é muito grande.

O mar, nas suas diferentes vertentes de utilização, uma das riquezas maiores do concelho, continua a ser olhado com alguma displicência, pouca planificação, sem um aproveitamento sistemático e principalmente sem capacidade de inovação.

Os Matosinhenses têm consciência, porque os sentem quotidianamente, dos problemas existentes em relação ao seu direito a uma mobilidade eficiente e moderna. Os transportes públicos são insuficientes e pouco eficazes, o que leva à utilização do transporte privado, por falta de alternativa. A resolução dos problemas de mobilidade não passa, apenas, pela  transformação da cidade num gigantesco parque de estacionamento pago. Há aqui muito a melhorar.

O turismo, que por todo o país e nomeadamente no Porto, tem tido um crescimento digno de nota e contribui de forma significativa para a criação de emprego, não pode, em Matosinhos, ficar pela mera enumeração de slogans propagandísticos. Não podemos continuar a ficar na praia a ver navios.

As alterações climáticas a que estamos sujeitos, implicam uma preocupação constante com a qualidade de vida dos cidadãos, com a defesa do meio ambiente, com a utilização de energias limpas e sustentáveis, com a recolha sistemática de resíduos para reciclagem e reutilização evitando aumentar a pegada ecológica, respeitando a biodiversidade.

Deveriam ser, principalmente, em questões como estas para melhorar o quotidiano, que as putativas candidaturas partidárias e outras, deveriam investir os seus esforços. É disso que os Matosinhenses estão à espera e merecem.

Também a manutenção da situação ou pior ainda, o eventual recuo no tempo que alguns pretendem, não pode trazer nada de positivo para o concelho. A política não se compadece com saudosismos passadistas e o contexto é outro, é novo. Matosinhos precisa sobretudo de inovação, de mais qualidade de vida e de maior envolvimento dos cidadãos na vida cívica.

Em democracia dispensam-se bem os pretensos salvadores da pátria, que procuram demagogicamente eternizar-se no poder, afirmando falar em nome do povo e julgando-se indispensáveis. A verdade é que ninguém é imprescindível e a insistência de individualidades que procuram governar em nome pessoal, acarreta perigosidades várias, como as dependências institucionais e as diversas formas de caciquismo e amiguismos.

O poder local democrático tem que aprender a defender-se desses enviesamentos antidemocráticos.

Cabe aos cidadãos eleitores exercer o seu direito de fiscalização sobre os programas apresentados e os actos dos eleitos para impedir que as promessas demagógicas, que são utilizadas nos períodos eleitorais, tenham vencimento nas suas enganosas pretensões e para que os programas eleitorais propostos sejam efectivamente cumpridos, não ficando esquecidos nas gavetas até próximos actos eleitorais.

A exigência de rigor e de transparência de procedimentos e uma participação activa dos cidadãos são a melhor arma das populações contra o populismo oportunista, sempre à espreita.

Matosinhos teve, nos últimos anos, desenvolvimentos interessantes, quanto a mim, nem sempre bem direccionados, agora é necessário concretizar o que de melhor se fez, no sentido do desenvolvimento do Concelho, do bem-estar das populações e do aprofundamento da democracia, sendo certo que águas passadas não movem moinhos.

7.03.2017